Sorte

Ver-te da janela do quarto, passar vagueando e tendo pensamentos nos quais eu gostava de estar é o que mais gosto de fazer nestas tardes de verão. Porque é a unica forma de te poder ver todos os dias, no mesmo sítio, à mesma hora.

Num dia quente de verão em que o sol batia com profundidade na minha janela e eu não aguentava estar ali sentada por mais que te quisesse ver, resolvi descer, peguei no telemóvel e nas chaves de casa sem me lembrar sequer que tu passarias àquela hora. Sentei-me na esplanada do costume à espera que chegassem os amigos porque era também àquela hora que nós combinávamos o nosso café, enfim, chegaram e lembro-me de estar a falar com um deles, e tu passaste e olhaste, eu julguei que tivesse sido por veres um grupo de jovens, porque afinal tu também eras um. Só que algo despertou, e acho que não foi imaginação ver-te com o olhar fixo em mim como se me quisesses dizer alguma coisa, e não sei o que me deu também para ir ao encontro do teu olhar.

Cheguei perto de ti e paralisei, porque sabia que a timidez me ia afectar, mas tu nem me deste tempo para nada, agarraste as minhas mãos, puseste-as junto ao teu peito e disseste ‘estás a ver, eu disse-te que seria assim, irias sentir o meu coração a bater por ti’. E foi aí que me veio a memória o verdadeiro motivo de trazer o telemóvel comigo, porque era contigo que falava todos os dias, só que cheguei a parte de tentar perceber porquê que eras tu o rapaz que eu via todos os dias da minha janela, foi então que bastou pensar numa das muitas mensagens que me mandaste ‘basta pedires que eu apareço, nem que seja para sentir a tua presença e para tu te sentires segura’.

E foi aqui que tudo começou, naquela tarde, igual à primeira em que ambos se viram, quente e no verão.

Sabe-se que bastou isto para agora no presente, serem namorados, porque há o sentimento especial que os une, e ambos dizerem que é para sempre, só pelo facto da história deles ser diferente.

Iolanda Santos

(ensinaste-me o que é a amizade AFFM)