Sentimento estranho.

Tenho saudades de te ter a meu lado, ou pelo menos julgava que tinha.

Quando chorava, não percebia que era pela tua estranha ausência, pela falta que a tua voz me fazia, da tua chamada ao acordar ou até do beijo de despedida que todos os dias me davas.

Apercebi-me que já não eram saudades, porque estas só existem quando há sentimento mútuo ou até um amor forte, era isto que faltava, o sentimento e o amor mas da tua parte.

Porque não me lembro de alguma vez teres dito "amo-te", "és tudo para mim", como ouvia os outros casais normais dizerem um ao outro.

Finalmente, lúcida, percebo o porquê de isto não acontecer, porque para ti eu era apenas um passatempo, uma escapatória à tua real namorada, aquela a quem recorrias para umas horas de prazer, e eu ingénua ia na dita "cantiga", entregava-me a ti como se não houvesse mais nenhum rapaz que eu conseguisse amar tanto ou até mais como te amava a ti.

Digo que fiquei lúcida porque te vi com ela no outro dia, segredavas-lhe vezes sem conta ao ouvido o "amo-te" que eu queria ter ouvido no momento certo, abraçavas-a como se não houvesse amanhã, era semelhante à forma como eu me entregava a ti, dando tudo de mim.

Um dia, tu ligaste-me a dizer, "tenho saudades tuas, de quando te entregavas por completo, ou até dos encontros às escondidas, tenho saudades dos velhos tempos", se fosse na altura que estava imatura confesso que largava tudo e corria para ti, mas não, isto tinha que terminar naquele exacto momento.

Lembro-me exactamente de te dizer "acabou, se realmente gostasses tinhas corrido atrás", a chamada caiu, eu não chorei mas corri, corri para os braços do rapaz que sempre gostava de mim, mas eu não via de tão cega que estava por aquele amor impossível, que era mais carnal do que outra coisa.

Hoje dou sentido à felicidade, e acima de tudo à palavra saudade, hoje amo, sou feliz e não o omito.

Is. -