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quinta-feira, 1 de abril de 2010

Vovó

Lembro-me de ti como se estivesses presente todos os dias, foi por pouco tempo que te tive ao meu lado (5 anos), mas foi o suficiente para te conhecer como ninguém, e tu a mim. Por vezes questiono-me de que se te tivesse ao meu lado actualmente não te conhecia da mesma maneira (julgo apenas).
Foi como se vivesse tudo de novo presentemente, desde a bicicleta cor-de-rosa com fitinhas na qual me ensinaste a andar mesmo não tendo rodinhas, porque afinal segundo tu "já era crescida", aos pacotes de bolachas que me davas naquelas antigas latas de metal, eu recusava, acabando por aceitar as da vizinha, de te sentir levantar as 6h da manhã, e eu logo me punha de pé só para ir contigo dar de comer aos animais, de quando tu amaçavas o pão e eu ia por trás roubar-te bocadinhos para brincar e comer, e do mais essencial que me segue hoje em dia, a dança.
A memória foi curta (5 anos afinal), mas pelo que sei, algumas das coisas contadas, tu dançavas como ninguém, eu era capaz de passar horas a olhar para ti e para o avô, sentia a vossa cumplicidade enquanto dançavam, afinal ele sempre foi o teu príncipe encantado com que tu sonhavas.
Hoje em dia é assim, já dancei por desporto, mas agora não passa de um hobbie em casa, sinto que enquanto danço que tu estás ali a ver-me, a guiar-me como sempre fazias quando eu te pedia "vovó quêo dançá", e tu apesar de cansada do teu trabalho árduo ajudavas-me sempre com os mais simples passos de dança que eu fazia à minha maneira.
No presente tenho saudades tuas, tantas que até dói cá dentro, sinto que foi injusto teres ido tão cedo, uma pessoa tão bondosa, tão linda, da qual herdei os caracóis, um exemplo de vida, uma mulher, uma mãe, uma irmã, uma tia, e acima de tudo uma avó, a melhor do mundo. Dos netos que tiveste perto de ti sempre cuidaste imensamente bem deles (incluindo eu), como a nossa própria mãe, se sei dançar, adorar os animais e entre muitas coisas, é devido a ti, à tua capacidade de ensinamento, de compaixão, de dar tanto amor.
Obrigado pela a avó que foste, pela mãe, pela companheira pela ajuda, por tudo, onde quer que estejas estás a olhar por aqueles que amas, e quando um dia te encontrar, quero que me dês o abraço e o beijinho que eu sempre pedia antes de dormir ou até quando te via.
Por isso, "vovó a iô diz xau xau, mas é só agóa", porque mesmo que te veja só depois de ir para o mesmo lugar que tu, tenho-te nas estrelas, e ao pé de mim sempre que preciso.
Beijinhos avó, é uma carta que te deixo, como aquelas cheias de gatafunhos que te dava.


Minha Riri, 26 de Julho de 1997 - AMO-TE PARA SEMPRE!

2 comentários:

Obrigada por aqui passarem, deixem as vossas melhores memórias.
Beijinho