Lembro-me de quando juntos andávamos pela praia de pés descalços e sentíamos em conjunto o cheiro da maresia, lembro-me da tua mão entrelaçada com a minha, quando a música que mais gostávamos tocava no rádio do nosso carro, ou sem querermos no nosso ipod, e nós rapidamente ligávamos um para o outro e ouvíamos vezes sem conta. Lembro-me do cheiro do teu perfume, de ir pelos autocarros, e no metro e pensar que por trás daquela figura tu lá pudesses estar, de quando fazias mil e uma coisas para eu sorrir, das brincadeiras, por momentos veio-me a memória todas os amo-te's, até ao momento final.
Era uma manhã fria de inverno, em que podíamos ouvir a chuva a bater na janela, sem sequer ter vontade de largar os lençóis, foi nesse dia que deixei de te sentir. Quando sonhava em que tinhamos um casamento feliz, e viviamos felizes para sempre, senti a vibração do telemóvel, eras tu, atendi como sempre fazia de manhã, e entretanto despertei quando disseste 'acabou, o sentimento que nutria por ti esmoreceu', a chamada caiu, e o meu pensamento ficou exactamente perdido enquanto o barulho da chamada desligada continuava ao mesmo tempo.
O que me vinha a cabeça eram só e apenas porquês, eu não queria que tivesses ido, não desta maneira, porque já não seriamos felizes, nem serias aquela pessoa com quem eu poderia sempre contar, com o passar dos dias, dos meses, dos anos acabei por esquecer tudo, os passeios, a rotina, e até o sentimento que sentia, e que pensava nunca morrer. Mas... um dia, também como todos os outros, vi-te na praia em que costumavámos andar, sempre que estavámos felizes ou precisavámos um do outro, mas o mais estranho é que estavas sozinho. Sem medo cheguei-me perto de ti, e fiz a pergunta que ficou guardada dentro de mim 'porquê?'.
Tu simplesmente respondeste, estava doente, o médico deu-me meses de vida, mas quando vi que não eram só meses, não tive coragem de anunciar que te queria de volta, resolvi ficar sozinho.
Eu estava magoada depois de tudo, mas o que é certo, e sei que não foi pena no momento, voltei a lembrar-me de tudo o que passámos, e depois de tantas lágrimas derramadas fiz o que devia ter feito, abracei-me a ti, enquanto ambos pediamos desculpa e diziamos amo-te.
Hoje recordo com saudade todos esses momentos, entre as fotografias, as memórias, entre tudo, enquanto espero que chegues à hora do costume e fiquemos na cama, com a chuva a bater na janela, mas desta vez como dois seres que se amam.
IS.-
Por vezes, existem desilusoes que nos marcam e para seguirmos em frente tentamos esquecê-las, a elas e às pessoas que nos desiludiram. e, outras vezes, existem momentos em q precisamos de "ser abanados" ou que alguém dê o primeiro passo por nós, ou de coragem para o dar, para então nos fazer lembrar de todos os momentos que passámos, de todas as histórias vividas e quanto ainda queremos a outra pessoa ao nosso lado.
ResponderEliminar(e o final está optimo :))